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Memoris


A cada passo que dei desejei a existência de intensidade, a cada instante. senti demaziadamente tudo, tudo o que talvez fosse um buraco, uma pedra ou um afago de quem não se espera o que também me fez ter atitudes de alguém que eu não era.
Busquei afago nas folhas das árvores quando voltava pra casa cansado
mas feliz por poder fazer bem para alguém à quem queria bem
e fiz questão de esfregar a testa em cada folha, de cada árvore e prestar atenção em cada cheiro e atravessar a rua quantas vezes fosse necessário pra que não me faltasse nenhuma delas. Arranquei os sapátos certa vez no mesmo percurso, quando chovia e caminhei como quem anda sem ter onde chegar
E tudo o que me importava era poder sentir a água que caía, olhar pro céu e já em meio a um profundo silêncio sentir-me bem.
Mas a vida passa e na mesma vida sigo caminhando as vezes sem saber pra onde, passam-se os anos, certas coisas se repetem e assim repeti o mesmo gesto de sozinho caminhar, só que desta vez estava me sentindo perdido e levado somente pela desesperança.
E nessa hora me senti como se eu realmente não tivesse o meu lugar
e não houvesse chuva que levasse embora o meu apego a tudo o que pudesse me machucar
e andei durante horas por ruas que eu não conhecia esperando que minha intuição me levasse ao lugar certo, mas sem nenhuma pressa, pois naquele instante não me importava mais nada e isto era um bom motivo pra que eu acreditasse que por mais que eu fizesse nunca sairia do espaço limitado que tanto me disseram ser o meu lugar, como se eu apenas fosse a continuação de uma estória, uma vida, como se o meu destino jamais tivesse me pertencido.
Porém tratei disso tudo com uma teimosia irritante, quase descontrolada que certas vezes me fez dar cabeçadas contra parede, correr quilómetros pra sentir sede
mergulhar no mar sem ao menos saber nadar.
A mesma teimosia que também se fez frágil e apagada diante das lágrimas que eu derramei
por ter acreditado em coisas que nunca dependeram só de mim.
E chorei por tristeza e impotência, mas chorei feliz, pois as minhas lágrimas são raras
e naqulela hora, enquanto chorava eu tinha um motivo nobre.
E Chorei pelo fracasso mesmo sabendo que havia lutado, e isso fez com que também se tornasse nobre todo o soro que eu havia derramado.

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