Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2010

O Relógio de Deus

Tive a sensação de que o tempo havia parado. O sol teimava em não querer esconder-se além do horizonte e a noite que eu tanto esperava não vinha. Sei que comecei a esperar um pouco mais pela noite justamente pela sua demora em chegar. Ah, eu que tenho tanta coisa pra fazer, resolvi não fazer nada só pra esperar pela noite. Justamente por que ela não queria vir hoje. Então as horas foram passando e eu continuei a contemplar o céu cinzento e chuvoso e a luz desse dia que resolveu como se tivesse vontade própria se alongar um pouco mais. Quem é que determina esse dia? Quem esse pensa que é pra achar que pode torná-lo mais longo do que os outros dias? E não falo que é mais longo só por causa de alguns poucos minutos, estou falando de horas, que se estendem no relógio como se o ponteiro exitasse um segundo a mais pra mudar para o próximo segundo além do segundo que lhe foi dado o direito e o tempo de ser o que sabemos que é segundo. Se hoje há relógios digitais precisos, um dia talvez c

Apenas mais um texto lenitivo e elementar

As vezes venho aqui e escrevo um monte de coisas que não tem importância alguma, eu nem mesmo sei quem vai ou quem não vai ler e as vezes acho que é bem melhor assim. Palavras confundem muito as pessoas e eu também me confundo muito com elas, mas elas me salvam as vezes nas situações em que possuo uma passividade grande demais. Só que nem é sempre o caso de me salvar de uma situação que me oprime, as vezes me sinto oprimido sozinho, sem ninguém pra contribuir com isso então eu venho aqui e escrevo. E eu deixo de participar e muita coisa por isso. Agora mesmo estou a observar o que está ao meu redor, o que faz parte do meu presente, mas estou escrevendo sobre o que já nem posso mais mudar. É que tenho uma parte em mim que não se cala, eu mando essa parte calar a boca e ela não sabe, ela acha que sempre está com a razão e não cala. Só por que quando era pra ela falar ela não falava nada.
Talvez tudo de que eu precise é só de uma vírgula pra adiar o ponto final que de um modo indubitável não quero ser. E que eu sempre fui. Ou que se ainda não fui não quero ser nunca. Não, não quero que um ponto final me conclua. Definitivamente. Não quero ser só um(.)

Voo alimento pra alma de pássaro presa e em busca de absolvição

Que bom que apesar de mim os pássaros ainda entram pela janela de minha casa em busca de alimento. Ah sim, mas também faz tempo que o tempo e o acaso andam quebrando as vidraças das janelas e que por causa disso também há portas abertas, sem trancas e outras escancaradas onde só restam os batentes. Agradeço tanto por essa força que teima em acontecer e arrombar tanto de fora pra dentro quanto de dentro pra fora. E apesar de mim, do tempo e também desse mesmo acaso, espero não deixar perecer em mim e em meu lar as sobras, aquilo que ainda me sustenta. Vôo de pássaro é alimento pra alma. Que nunca lhe cortem as asas. Que eu nunca deixe de notar aquilo que também me faz voar. Que não nos façam desaprender a voar pelas pequenas coisas.

The sky was bigger than that place

Ela parou um instante E sem pensar em olhar pra trás Ela fechou os olhos Depois os abriu de novo E então abrindo também os braços Ela saltou do chão e foi pra muito longe Pro alto,num um lugar que era tão distante Que até hoje ninguém sequer sabe onde

O que foi isso?.

Eu precisava disso e então eu fiz isso se tornar aquilo que era preciso. Então quando me perguntei, eu fiz isso se tornar a resposta que eu queria ouvir. E logo dei o primeiro passo e fiz isso se tornar o caminho que eu devia seguir. Então eu comecei a correr e fiz isso se tornar algo inalcançável. E de repente me faltou o ar então transformei isso numa força inabalável. E assim mesmo sem eu saber o que havia sido isso o tempo todo. Eu ainda desejei e por isso eu faria tudo de novo. Só ainda não sei o que isso também fez comigo. O que diabos eu podia e o que eu devia fazer disso. Eu não sabia o que era, eu queria tanto saber. E quem sabe se um dia foi o que era então. Talves nem mais pode ser isso aí. Talves isso nunca tenha sido e é só E se assim que tem que ser, é isso! Pronto! Acabou. É isso ou não sei. Só isso, mais nada. É isso!! O que?

O bêbado anônimo e o esmagador de dedos

Isso foi há algum tempo atrás, durante uma gelada manhã. No meio da praça central da cidade, lá estava aquele ser tão miserável e desprezível deitado no chão. Em seu fedor de álcool e suas roupas imundas ele pouco se importava, pelo menos até seu último gole, a dose que fora suficiente pra lhe fazer perder os sentidos, pra que assim então desprevenido aquele sujeito mundano, adormecesse na rua em frente a uma igreja aonde havia um muro em que estava pintada a imagem de Cristo. Um muro que talvez não devia sequer existir, mas que estava ali e foi onde aquele homem também pois pra dormir todas as suas angústias, num momento de desatino. Dormiu feito um menino, o homem. Descoberto naquele chão duro e frio como a parede em que estava pintada aquela imagem e a frase que lhe dizia: - Venha! Este é o caminho! Quem pode dizer o quanto desesperançoso aquele bêbado imundo estava antes de ali ter caído. Caiu feito um tijolo e desejou lá no fundo que aquilo fosse verdade e que realmente aquele f