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Mostrando postagens de maio, 2010
Pra que o sono se o tempo em que durmo não é suficiente pra que eu possa ser digno do sonho? Pra que vou me manter acordado se as vezes tudo o que tenho não passa de um pesadelo cenhoso?
Sou um corredor a quem a vida quis calçar os pés com botas de chumbo Só que se ela pensou que por essa razão eu estive o tempo todo parado Ah como a vida se engana pois eu não parei nem se quer um segundo.

Saudade

Em desalento eu vou correndo pra escapar do tempo Tão desatento carrego também comigo a todo momento as sobras e os vestígios de quem um dia passou por mim Hoje mesmo o que encontrei foi um fio de cabelo E numa roupa guardada eu senti algum cheiro Que não era meu, que não devia mais estar ali Vai ver que este esqueceu-se de também ir embora Pequena parte de quem se foi mas que decidiu ficar Pra aliviar a aflição que eu sinto até agora Pois meu coração nem sempre entende Que as vezes quem parte não vai mais voltar
Por que essa correnteza fria? Porque ela quer tanto me levar? Não consigo entender o que eu via dentro de cada fresta que se abria Com a luz teimosa que pela janela fez-se entrar Com a maré alta que chegou até minha porta Me convidando pra me jogar no mar

O que ela realmente sabe

Um dia eu a vi quando ela esteve aqui depois de muito tempo E esse tempo também ja passou e tudo o que ficou sempre foi o mesmo E nunca se foi desde a primeira vez Apenas ela se foi , se vai e demora pra voltar E demorava a passar o que eu sentia quando ela estava aqui presente E demorava a passar toda a tristeza quando ela estava tão ausente E eu nunca soube ,nunca pude convence-la a ficar E eu nem mesmo sei se podia algo demonstrar Mas eu sei que ela sabia o que eu sentia quando aqui eu fiquei Ela sabe que eu sei o que ela sentiu quando ela se foi.
Estou só, aqui, sentado, De novo assim tão estático Apenas uma pequena parte se move Gravando todo este tempo que escorre Enquanto isso lá fora os pingos de chuva De gota em gota desmancham o meu desejo de fuga E as gotas caindo uma por uma transformam toda certeza em bruma
Eu estou arrependido de te-la colocado num lugar tão alto Eu estou muito cansado pra sustentar minha fé Acho que gostaria de dizer adeus Onde você esteve todo esse tempo? você sabia? você se importava? Todo dia eu a esperava chegar Eu me posicionava imovel Assistindo os meus ossos se corroendo Juntando os pedaços no chão Despedaçado por dentro Havia algum lugar pra mim em seu coração ? Mesmo que você o nega-se o tempo todo Mesmo que não houvesse nada de bom que te fizesse lembrar de mim Mesmo que não houvesse nada de bom Mesmo que não houvesse nada Mesmo que não Mesmo?
Foi sempre você que me fez experimentar todo desprezo e seu mal Que vinha como chicotada leve mas forte o suficiênte pra deixar marcado o meu cadaver indefeso Que estava lutando pra voltar a viver E encontrar entre falhas uma razão pra firmar cada passo Teria sido por vaidade Que você quis ter domínio total sobre mim? Ou eu fui muito descuidado Toda vez que te tratei de um jeito tão gentil? Você pode ter pensado que eu gostasse de sofrer eu estava insistindo em algo insignificante pra você Você me destruiu em sua mente Como você acha que eu podia fazer isso todo dia?

Desgaste

Como se pode pensar que a fome daqueles que servem e esperam pode ser menor? Como se pode querer alimentar à esses com as sobras só depois que os predadores vão embora? Como se pode sorrir verdadeiramente diante daqueles que só te ofendem e te forçam a sentir a garganta esmagada sob os pés de tais indecentes que acreditam determinar sua estrada ou o atalho, o trabalho escravo que te faz acreditar que teu destino foi falho
Tenho me proposto a fazer coisas que as vezes não consigo As vezes penso que eu posso mas meu esforço é inconstante e enquanto o mundo espera por mim eu sei que eu espero outro fim estou perdido entre os sonhos que não percebo se construo, se destruo todo instante em que eu me anulo que nego o que a vida quer me dar. Eu preciso parar de pensar pois dizem que de pensar morreu um burro que sequer soube pedir socorro e eu que sempre me calo tanto vou acabar um dia me encontrando feito pedra que não sai do seu lugar a não ser que o vento, a chuva, a mão humana me remova pra um lugar indefinido onde as ações não precisam ter sentido
Ainda hei de morrer só de vontade de ter de novo Ando caindo por aí ando sem eira nem beira e se não há motivo pra que ainda me queira o que eu ainda hei de querer desta vida Não tenho modos, não tenho orgulho e nem se quer pudor algum de certo serei apenas mais um que de tão passado não vai ter futuro
Ah vida imprevisível que é essa ah quantos já não disseram isso ah quantos isso já não sentiram como Wilde que acabou na prisão condenado pela sua sinceridade como Courbe e seu sonho vão de tornar ainda mais real a realidade
Queria que você estivesse aqui queria que você ficasse como eu quis que ninguém tivesse partido queria te abraçar pra não me sentir, pra não dar valor ao que deve ser esquecido mas meu querer é tão indizível que se torna exacerbado e incompreensível e isto é o que posso dizer de tudo que tantas vezes me deixou mudo pra não dizer do que parece irreversível e que só de parecer se torna invisível e sendo assim inexato então eu duvido de tudo , e insisto em não parar de mentir e ignoro o que me sopra ao ouvido – que burro! mas ah seu um dia eu contasse que te quero comigo eu juro, eu só poderia e diria pra ti. Mas confesso talvez eu quisesse dizer para o mundo. Por favor fique, fique!! Não vá pra longe daqui!

Eu não estendi a mão

O que destruiu essa pessoa que me bateu a porta Destruiu tanto que ela talvez nem tenha se dado conta que ja perdeu os dentes Mas que mesmo assim ainda sorri e tenta ser sincera e pede ajuda Em sua pele e ossos essa pessoa tenta permanecer de pé Suportando se em sua desvantagem e sua contínua fé Até quando o deus ou o diabo a arrasem de vez Ou quem sabe não será a sua própria insensates Essa pessoa de olhos azuis tão profundos Deve ter nesse azul toda tristeza do mundo Mas ela não pode medir e talvez nunca pôde Não teve nada que fosse possível medir E talvez toda vez que estendeu a mão Não a seguraram ,só disseram não Como eu também disse e sofro Mas não como ela sofre É ela que todo dia morre E assim pouco à pouco Eu contribuí um pouco Só quero nunca mais Ser tão frio e fugaz Eu não estendi a mão Mas compreendi meu não Foi meu egoísmo que me fez preocupar-me apenas comigo Meu duro e congelado coração Talvez contaminado por algo que um dia chamei de razão

Rumor de Taciturno

Querem me falar de coisas que eu já me cansei de ouvir E eu ouço por que tenho ouvidos e eles foram feitos pra isso Mas ultimamente tudo isso que eu ouço já não passa de ruídos Ensurdecedores, repetitivos, nada mais do que rumores ressoando em meus tímpanos. Surdo-mudo é mudo por que não ouve e por isso não compreende as palavras e por isso também é incapaz de pronunciá-las. Mas deve haver também o surdo-mudo que se faz de surdo por que já não lhe fazem sentido as palavras e que acaba se tornando mudo por não querer desperdiçá-las. E eu continuo ouvindo apesar de tudo o que o médico me disse Que um dia também ficarei surdo com barulho das máquinas que persistem Com tanta poluição sonora, música ruim e o estrondo provocado por tanta coisa que não presta. Aí eu espero então que finalmente no silêncio que me resta. Eu seja capaz perceber o mais imperceptível tom E não precise mais ter que abrir a boca pra dizer O que não sei as vezes se alguém quer realmente ouvir mas por eu saber dizer

Insensível

Pressinto que sintirei o que não imaginava que poderia sentir Pois não fazia ainda sentido a sensação que causa tal sentimento Logo eu que me sentia como o dono de grande sensibilidade Me sentiria melhor na verdade Se sentisse que não fiquei o tempo todo sentado Deixando as coisas um dia sentidas colocadas todas de lado E que não só de modo tão insensível eu fui enfim ser despertado por aquilo que ninguém jamais sentiu e de modo algum sentirá por não estar no meu lugar.