
A casa está mesmo sempre cheia de gente - diz a mente. Mas ela sabe que há um cômodo na casa que ela ainda não conhece por que quando ela quis entrar faltava luz e a mente bem que tentou abrir a janela mas esta já não era aberta há muito tempo e estava tão emperrada que a mente foi incapaz de abri-la. Agora apesar da claridade que entra pelas frestas na janela e pelas rachaduras nas paredes, a porta deste cômodo está muito bem trancada com grossas correntes, por que um dia a mente com medo do que pudesse haver lá dentro do cômodo, com medo de que ela ou alguém lá dentro pudesse se machucar, decidiu não deixar que ninguém mais entrasse no cômodo, e de tão convicta do que estava fazendo quando escondeu a chave, esqueceu-se de onde a possa ter colocado e nem mesmo se lembra que talvez pôde até ter jogado a chave fora.
Sim, a casa está sempre cheia de gente - diz a mente, e ela só não se esquece que na sua casa tem um cômodo em que ela e nem qualquer outra pessoa que lhe fizer uma visita vai um dia poder entrar de novo. O seu cômodo escuro com a janela emperrada, com rachaduras nas paredes e com correntes nas portas. O cômodo que tanto perturba as suas noites em que ela já está deitada no leito mas ainda não foi capaz de adormecer por achar que tem algum barulho vindo de lá de dentro do cômodo. O cômodo que a leva ter tantos pesadelos. O cômodo que as vezes em seus sonhos ela esquece que existe enquanto voa pra bem longe de casa numa velocidade e altitude estonteantes. Mas a mente sempre acorda de novo pois fica sempre tão aturdida com o sonho que é como se pudesse sentir um coração lhe saindo pela boca enquanto ainda está batendo, fazendo um ruído parecido com o que a mente jura que ouve as vezes vindo de lá de dentro do cômodo durante as noites em que não consegue dormir, e isso faz com que a mente desperte e volte imediatamente pra casa por que ela se lembra do tal cômodo escuro e trancado que sempre vai lhe parecer tão inútil ,tão assustador e por fim tão incômodo.
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