Quantos não foram os crimes praticados e que antecederam e moldaram todos os que acabam por se tornar criminosos? Quão presunçosos não foram os milagres que os santos jamais puderam realizar e então simplesmente os espalharam em falsos boatos de beatitude?
Numa sociedade de santos jamais deveria surgir criminoso algum, numa sociedade de criminosos ser santo seria até pecado de tão impossível coisa que isto seria. Mas temo em dizer que entidades místicas como Deus e o Diabo não tem coisa alguma a ver com isso. A criminalidade também não é uma coisa inata, assim como a santidade não é. O que acontece apenas é que uma invenção não suporta a outra, então quando essas duas inventadas e desnaturalizadas concepções do homem, decidem por se atravancar em eterna luta, também até hoje insistem em ensinar suas gerações futuras a não abandonar tal estupidez. E por aí vai essa discórdia bestial e quotidiana que teima em tolher e domesticar os instintos humanos. Ora levando o então "dito criminoso" a solitariamente querer se vingar de todos os crimes que o moldaram e que foram praticados contra ele. Sempre lesando um aqui e outro ali com os mesmos requintes de injustiça sentida em sua pele. Nessa hora, finalmente o criminoso é o mais cruel de todos os homens, nessa hora ele atinge o ponto em que todo o seu ato se torna automático.
Na vez dos santos, estes conseguem ser ainda piores. Reúnem-se em bandos (muitas vezes sociedades inteiras), inventam cada vez mais entidades fantasiosas para absurdamente se espelharem nelas, elegem seres bestializados como ídolos, canonizam seres tão castos, tão pudicos quanto aqueles que se prostituem. Para tripudiarem uns( os santos) sobre os outros(os criminosos) investem em armas, constroem presídios e toda a espécie de coisa horrorosa pra punir e aniquilar a mínima possibilidade de que vá surgir mais um ato ou ser criminoso. Os santos, nessa hora, finalmente se sentem os seres mais sagrados do mundo. Nessa hora cada ato de punição é como se fosse a própria porta do céu se aproximando e se abrindo um pouco pros vermes .
Pobres e loucos somos todos nós juntos. Por causa desses moralizadores x desmoralizados, até hoje vivemos a cometer excessos e faltas porque raramente sabemos lidar com nossas próprias forças e nossas próprias fraquezas de espírito de um modo simplesmente humano ou que consiga enxergar o outro humano que há.
Ser humano podia ser muito, mas ser humano não basta. Não é a toa que sermos apenas é o que cada dia mais nos faz falta.
Sobre a liberdade de expressão: Nada do que sei é meu, nem mesmo as lembranças que guardo em minha mente e coração. Isso pra mim é algo tão certo, como estou certo de que vou parar de pensar logo que meu coração parar de bater. Mesmo assim, posso fazer uso do que eu bem entender que possa pra mim trazer algum prazer ou alívio de viver.
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