Se é que Deus realmente existe e é mesmo o criador dessa tremenda imperfeição que eu sinto. Talvez, ainda que ele me pareça injusto por não ter me dado asa alguma. Talvez, quem sabe? Lá no fundo, ele não desejasse me assombrar com essa impressão latente que acaba produzindo essa sua aparência de um Deus sempre intangível e injusto. Juro que não sei, porém um vez que ele tenha me dado essa enorme imaginação que eu possuo, talvez, quem sabe? No mínimo ele esperasse, que mesmo sem asa alguma, que mesmo apesar da força exercida por qualquer gravidade, amiúde eu não me esquecesse que sou capaz de voar. Independentemente e ainda que fosse necessário e comum cair tantas vezes. Mas é coisa demais e ao mesmo tempo sempre fugindo desse meu receoso e também muito raso entendimento. Será que é por que pousei? Sinceramente não sei. Só espero que eu não vá perder jamais a coragem de me perguntar: Será que já decolei hoje? Se o fiz, por que sim? Se não fiz, por que ainda não? Aficionado por respostas, me sinto também afetado com a falta delas, e por mais que eu pareça estático, inclusive aos olhos desse Deus que não vejo, até hoje, pra mim, tudo o que realmente dignifica vida que tenho, que realmente me eleva ao ponto de poder finalmente eleger o que realmente preciso, jamais se bastou em um "se" e menos ainda pôde se resumir em talvez. Que sensação estranha é essa! Ao mesmo tempo que um Deus invisível talvez só me diga - "sê apenas" ,não consigo deixar de pensar que talvez eu não passe de um acidente, um filho bastardo, sempre teimando em fazer perguntas esdrúxulas, só pre me entristecer cada vez mais com minha própria natureza,que nem mesmo de longe faz com que eu me pareça casto. Como se viver me parecesse algo tão luxuoso, algo cheio de tanta inevitabilidade, que mesmo sem desejar qualquer coisa ruim, vez ou outra, eu acabasse me sentindo um degenerado, um indigno. Como se raramente eu soubesse simplesmente me colocar ou manter-me à altura da vida que tenho e que talvez tenha mesmo sido dada por esse Deus, sempre tão difícil de me aproximar.
Sobre a liberdade de expressão: Nada do que sei é meu, nem mesmo as lembranças que guardo em minha mente e coração. Isso pra mim é algo tão certo, como estou certo de que vou parar de pensar logo que meu coração parar de bater. Mesmo assim, posso fazer uso do que eu bem entender que possa pra mim trazer algum prazer ou alívio de viver.
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