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Tenho Fome

Tenho fome! Tenho boca, tenho esôfago, tenho barriga, tenho estômago e por incrível que pareça ainda tenho âmago! Tenho corpo, tenho ossos e junto disso e muito mais, condoído ainda carrego e conservo comigo uma alma e (ou) um espírito, que de alguma forma clara ou não também precisa se alimentar. Tenho fome, e se entretanto ainda faço o esforço de dizer qualquer coisa, é só pra lembrar que enquanto esta fome não estiver saciada, eu em nada irei me importar se ao teus olhos minha fome ainda não ultrapassa a ideia que, (inclusive só sua) foi criada só dentro da tua cabeça. A mesma aonde tudo que se remete à mim se conclui ou resume a uma simples necessidade de alento. Não to esperando ou sequer to pedindo um banquete, tenho fome somente! Tenho um apetite tão atípico que pede que eu o mate com minhas próprias mãos. Feito índio, que nasce mais do que livre do aço do garfo ou da faca. E o que mais me caberia dizer à você? Honestamente nem quero saber. Entretanto confesso que ficaria imensamente feliz se apesar desses teus belos olhos, tão ingênuos quanto potencialmente maldosos, você minimamente entendesse, que por mais que eu quisesse não poderia jamais ser nesta vida qualquer outra coisa a não ser este indesculpável animal impossível de não admitir que eu sou. Mais do que faço, sou o que posso. Não planejei isso, não planejei nada e muito menos planejei me estender tanto nesse assunto tão enfadonho. Tenho ciência que só mais um pouco indigesto e vou acabar causando até úlcera de estômago! Sinceramente espero que isso nunca lhe ocorra. Sem saber como medir o peso da sinceridade que agora usufruo, espero que pelo menos que isso não lhe aconteça justamente agora. Soo tão esquisito não é? E de que me adianta tentar consertar ou reverter qualquer coisa? Tenho fome e mesmo que eu tivesse só um pouco mais de cautela, a coisa toda já estaria mais do que feita! E eu jamais poderia prever ou imaginar que só de tocar nesse assunto envolto a este vazio tão comum quanto ridículo, acabaria eu mesmo aumentando ainda mais a fome que sinto. De qualquer forma, a verdade é que ando sofrendo de uma inanição mais do que indesembaraçável. Ainda não acredita? Crê que estou somente a burlar-te? Só o que tenho é fome e no entanto tu mais que depressa já se insinua farto de mim? Presta atenção no que vou lhe dizer! Cada um crê naquilo que bem ou mal entender. Faminto que ainda estou de que me adiantaria buir-te com discursos que não vão encher nem a minha e nem a sua barriga? Ainda bem que nossas cabeças estão longe o bastante do estomago, por que independente do quanto tu possa sentir-se livre ou não pra pensar qualquer coisa, de forma alguma minha fome irá diminuir diante do que tu pensas de mim. Inclusive por mais que esta fome lhe pareça agora uma fome menor, confesso que já posso sentir vir de dentro de mim um gula incontestavelmente humana. Mas sou humilde ainda, e peço-te com todo o meu coração que por favor me perdoe. Acontece que toda vez que essa minha necessidade de devorar aumenta, meu corpo peca mais do que pecam esses meus pensamentos. Se acaso estivermos mais do que perdoados, fico feliz por até hoje não conseguir me lembrar de qualquer um que permanecesse de pé se alimentando somente de luz ou de ar.... hahaha Melhor deixar esse monólogo cansativo pra lá! Velhas máximas custam tempo demais pra apodrecer, e mesmo assim apodrecem. Mesmo que antes disso se torçam ou distorçam o suficiente pra terminarem em merda. Ah e antes de mais nada, antes de qualquer coisa ou de outras coisas quaisquer... Jura-me que tu ainda fará que pode. Ah! Nem pense em me perguntar como se deve fazer! Vai lá enquanto pode! Vá! Seja aonde for. Se revira, se reveja, se revolte... sei lá, se vira! Mas divida comigo pelo menos um pouco da tua comida. Saco vazio não pára de pé. E por favor não me iluda! Por mais alimento que qualquer felicidade me possa trazer, não me acostume jamais ao gosto ora insosso e outrora salgado que essa tal felicidade por hábito carrega em si. Felicidade tantas vezes absurda e impalatável, felicidade que por mais que eu também necessite, ainda não consigo engolir. Tenho fome e é verdade. Não tenho vergonha alguma de admitir! Só que alimentar-me é algo que ainda está muito longe de simplesmente estar apto ou não a digerir qualquer coisa.

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