Debruçado sobre o lavatório, abri a torneira, tapei o ralo que havia na bacia e fiquei por algum tempo a ver jorrar a esperança dentro dela. Até então nada de novo, mas percebi que bem aos poucos esta esperança a bacia foi enchendo. Fechei a torneira logo em seguida , e retirando a tampa do ralo, vi que a mesma esperança foi se escoando de gole em gole. Goles que se não tinham qualquer coisa de humanos, eram cada vez mais tortuosos e profundos. Seria então esta a tal respiração que há no ralo? Ainda que seja, ou jamais! Por que só agora eu fui me dar conta de que esta respiração é a mesma que se dá dentro de mim? Talvez fosse por causa dessas incontáveis distorções que com o tempo acabaram se tornando meu costume. Não tendo educação suficiente pra saber como agir diante de tanta coisa fria e reta, inevitavelmente talvez eu tenha acabado me tornando também mais do que propenso a cometer toda e qualquer espécie de tolice que é possível. Tolices, ora pois, que nem mesmo são tão ingênuas ...
Sobre a liberdade de expressão: Nada do que sei é meu, nem mesmo as lembranças que guardo em minha mente e coração. Isso pra mim é algo tão certo, como estou certo de que vou parar de pensar logo que meu coração parar de bater. Mesmo assim, posso fazer uso do que eu bem entender que possa pra mim trazer algum prazer ou alívio de viver.