Quando um cão uiva não há dúvida alguma de que o uivo do cão cresce na raiz de seus ossos. Cão algum uiva sem ter razão, e estando uma única vez esse cão predisposto e preparado pra tanto, fatalmente e por toda coragem que tem, ele mesmo já admite pra si o tanto que lhe deve doer ter que deixar tantos ossos espalhados e a mostra só pela necessidade de um único uivo. Mas nem por isso esse cão se confunde diante daquilo que o cerca. De algum modo, por mais que seu esqueleto e espírito estejam ambos perdidos, espalhados ou simplesmente não passem de boa parte do que agora jaz integrando-se ao pátio, esse cão ainda que desossado, observa uma peça de roupa branca dependurada no varal, uma pilha de tijolos mofando num quanto qualquer e ainda assim se admira. Quanta coisa me aproxima desse ser canino que obviamente pertenceu a um dono mais do que descuidado e indigno. Coisas que os meus ossos ainda não sentem na pele e que os meus olhos ainda não veem. Se eu percebo o quanto sou míope, ma...
Sobre a liberdade de expressão: Nada do que sei é meu, nem mesmo as lembranças que guardo em minha mente e coração. Isso pra mim é algo tão certo, como estou certo de que vou parar de pensar logo que meu coração parar de bater. Mesmo assim, posso fazer uso do que eu bem entender que possa pra mim trazer algum prazer ou alívio de viver.