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Porque ainda penso, penso e me pergunto porque é que nunca me olhei direito em cada vez que eu tive o azar de ter que passar defronte de mim mesmo frente ao espelho. Será que foi para não ter ver quão pouca luz eu aparentemente ainda não carregava em mim? Ou será que foi só por causa daquele mesmo soluço ainda atravessando o meu rosto envelhecido e furioso? Agora que já penso e me vejo, pra que espelho? O que são cem, quinhentos ou mil anos devorados por um espelho velho, sem fundo e mais do que perplexo ante um reflexo míope e desgraçadamente amargurado? Provavelmente um espelho velho, insosso e impenetrável. Que diferença faria olhar agora ou não olhar tão cedo assim pra uma miserável e perpétua miragem obtida através de um objeto que não é sequer capaz de refletir a parte intraduzível e assombrosa que há por dentro? Que está cada vez mais do lado avesso de cada um de nós? Avesso repleto de sangue, cheio pulsações e de vísceras que se dá por satisfeito enquanto ainda não houver espelho no universo que consiga refletir o que é isso.

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Prisioneiro

Minhas mãos estavam sempre tentando te alcançar por que elas não se esqueciam de quem você era Mas minhas mãos sempre estiveram amarradas por nós que você fez pra me prender. Agora eu não quero permanecer seu prisioneiro Mesmo que pra isso eu tenha que feri-lo Por que me prender? Por que impedir os meus atos? Você têm que me soltar Têm que me deixar em paz.