O criador sangra mas não sente dor. Daltônico que ainda é, sequer se intimida com o vermelho do seu próprio sangue.
O Criador era criança ainda quando certo dia (ou noite) inexplicavelmente de repente viu-se muito só. Não havia nada que pudesse livrá-lo do insondável tempo que o cercava, nada que pudesse distraí-lo de si mesmo no meio do seu silencioso nada. Então, naturalmente deixando-se contagiar por um estranho afã, o Criador decidiu inventar algo com que pudesse se divertir. A ideia lhe veio num salto, e ele então que não sabia evitar nada do que lhe vinha a cabeça, começou logo a criar um grandioso teatro. Ele era uma espécie de mágico quando algo lhe comovia e por isso mesmo sequer tinha que se pôr a pensar demais. Sendo assim, o Criador já foi criando tudo de maneira fervorosa e febril. Sua imaginação era tão criativa e clara que deixa mais do que claro porque ele se chamava O Criador. Na sua cabeça tudo ia surgindo tão fácil, tão em medida exata que desde os primeiros detalhes por ele imaginados sua alma já começava a se alegrar e produzir cada vez mais. Era uma alegria epopeic...