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Eu tenho um grande amigo, na verdade ele é pequenino mas pra mim passou a ser grande. Eu pensei no que eu as vezes tenho oferecido à ele além da minha ausência. Estou aqui sozinho por opção minha e fico imaginando o lugar onde ele está agora distante e talvez ele não se lembre de mim por que eu não estou lá com ele. Ele ainda não aprendeu a contar as horas e os dias, e por não saber juntar a ausência e o tempo não é ainda tolo o suficiente a ponto de querer definir exatamente o que é isso. Porém as vezes se resolvo aparecer, ele que também ainda mal aprendeu a falar, intuitivamente desconfia que em algum momento tornarei a partir de novo.
Meu amigo é ainda tão pequenino e se volto a estar com ele é por que só ele é capaz de revelar em mim o que ainda resta de um menino, que como ele um dia fui e que só ao estar com ele eu ainda reconheço que fui e isso faz que eu sinta um bem enorme.
Que saudades eu sinto agora dele, que não sei ao certo se me espera, mas sei que toda vez que estou por perto ele me convida pra brincar e me ensina as coisas todas de novo com uma imginação que é mais que imaginação pois possui nela uma sabedoria que ele nem sabe que possui.
Certo dia carreguei ele sentado sobre meus ombros que foi pra que ele pudesse enxegar as coisas mais do alto, com os olhos de quem ja é grande e eu sei que ele certamente neste momento superou o meu modo de ver, a minha impressão turva de adulto. Eu sou tão tolo e eu nem pude manter em mim o espírito que ele ainda possui só que eu tive em mente tal equivoco de pensar que ele precisava observar o mundo acima da minha cabeça pra que ele pudesse ver melhor as coisas. Mas agora que cresci e que não possuo mais a mesma simplicidade de espírito que ele possui eu só precebi que sou inferior a ele e que não o alcançarei nunca, então decidi me curvar pra estar a altura de sua simplicidade e grandeza. E aí então de joelhos eu olhei-o no fundo transparente do olho e ele me olhou também e eu não sei o que é que ele tanto pôde ver pra ainda querer estar comigo. Talvez isto não tenha nada a ver com o quanto ele é capaz de ver mas com o tanto que ele ainda pode ignorar quando já lhe basta a sensação de ter um amigo.

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